E passam as folhas levadas pelo vento como destino passado
o vento que impiedosamente leva tudo sem deixar vestígios de um dia que existiu
leva aquilo que fora presente antes de ser mero passado
poeira inútil sem serventia ao atual
o vento leva as folhas secas e rachadas como o chão batido pelo calor do nordeste
o vento causticante que sopra o que fora e não é mais
vento cruel e impiedoso em sua maravilha
que despreza a vida como a mera folha que arrasta para longe
vento quente que sopra para longe
tudo que os olhos viram no passado
vento da tarde que fora manhã antes de se pronunciar o ontem de um hoje já passado
o crivo do dia e o consolo da noite que é relevo fresco do dia findante
vento inimigo das pobres folhas que são como homens que as eras engoliram em sua voraz fome pela pressa do tempo
vento uivante ou calmo como o alivio da noite
vento que despreza as pobres folhas que se vão
eu teria memória para ver estas folhas porém esqueci-as e não vem mais a mente tais folhas que o vento levou
vento tranquilo no limiar da manhã
vento soprou e levou tudo que estava sobre o jardim
ouço o som das folhas secas passando em minha
mente.