C de carencia

Oque sou.

Não sei quem sou;
Talvez nunca saiba;
Ou talvez essa e outras questões só poderão ser respondidas no fim da minha vida;
É isso que eu temo.

Algo além de despersonalizar;
Não apenas não se entender, mas a tudo e todos;
Como a passagem de um ponto zero para um negativo;
Não que eu saiba de tudo;

Me olho no espelho e não me vejo;
Sou a casca do que um dia fui ou almejo ser;
É alguém, mas não eu;
Não me incomoda tal presença, é apenas, decepcionante.

Sou meu tato, minha consciência, raciocínio e sentimentos;
Sou a interação do que controlo com oque não controlo;
Vejo minhas mãos e penso que as sou;
Suas ações me incomodam.

Já tive certeza de mim, agora, só restam dúvidas;
Oque tenho certeza já não depende de mim, e vice-versa;
A verdade é que nada depende de ninguém, tudo é livre em grande escala;
O tempo é a única lei universal.

Planos de vida e morte já são passado;
Nada é real ou irreal, tudo é apenas a inexistência;
Além da ideia, apenas o Não;
Probabilidades são como chutar uma pedra, há real certeza do que faz?

Morte é certeza;
Fim não é apenas termo, é autocomprovação;
Eu temo o meu;
Não tanto quanto o ter sem a certeza de mais algo.