Você,
um mundo inteiro em um corpo,
onde minha razão se deita e acorda.
Não é pela leveza de um ideal,
mas pelo peso do desejo,
pela tempestade que sua presença provoca
na calmaria dos meus dias.
Há quem diga que o amor é dádiva,
mas o que sinto é fome.
Fome do calor que sua pele guarda,
da curva do seu sorriso,
do som que sua voz desenha no ar.
Não é virtude, é vício.
Eu te quero não pelo que você é,
mas pelo que me faz ser.
Ao seu lado,
não sou altruísta nem abnegado.
Sou um ladrão de momentos,
um arquiteto de vontades.
Se te faço sorrir,
não é pela sua felicidade,
mas porque seu riso ilumina o labirinto
onde escondo minha própria solidão.
Você não é um reflexo de mim,
mas o espelho onde me reconheço.
E juntos, somos duas chamas
que queimam pelo mesmo fogo —
não para aquecer o outro,
mas para existir na intensidade
que só o desejo conhece.
Não há nobreza no que sinto.
Meu amor é faca de dois gumes,
que corta e abraça ao mesmo tempo.
É um pacto que não precisa de palavras,
um ímpeto que não conhece redenção.
E, no final,
seja isso amor ou egoísmo,
só sei que é verdade.
Porque quando estou com você,
o mundo se desfaz,
e o que resta
sou eu,
sendo seu.