Metamorfose

Na Trilha do Instante

Desejamos tudo, mas esquecemos o nada.

Na ânsia do amanhã, pisamos no agora,

Deixamos que a vida sussurre ao vento

Enquanto perseguimos um eco que nunca volta.

 

Não há escadas, apenas curvas,

Ruas que se cruzam sem destino certo.

É no tropeço que aprendemos o ritmo,

É na pausa que o som faz sentido.

 

Esperei pelo tempo que não me esperava,

E, no silêncio, ouvi minha própria dança.

Um sorriso, não o teu, mas o reflexo da manhã,

Fez-me enxergar a poesia no avesso da espera.

 

Mãos que não se tocam ainda contam histórias,

Palavras que nunca saíram carregam mundos.

Sob as árvores, descobri o vazio cheio,

Abraçando o todo no espaço do nada.

 

No fim, não somos lembranças,

Somos o instante que nunca acaba,

A curva que se reinventa,

O agora que sempre será.