Por que só eu me lembro de ontem,
Do instante em que suas palavras, em brasa,
Acenderam em meu peito um fogo traiçoeiro,
Queimaram no centro e me fizeram ruir,
Destruindo estruturas que ergui sozinho,
Para não me tornar o que hoje me tornei.
Eu peço, por favor, repare a bagunça,
Essa confusão que você trouxe aqui.
Antes, eram só paredes rachadas,
Frágeis, mas ainda de pé.
Agora, só restam os escombros do que fui,
Vestígios de algo que poderia ter sido maior.
Hoje, sou apenas um vazio perdido,
Uma dimensão desconhecida entre nós dois,
Onde encontrei o amor, mas também a solidão,
A desilusão, o vazio, e essa queimação.
Quem sabe este sentimento, dia após dia,
Se desfaz em fogo, em cinzas, em fumaça,
Para que, mesmo morto, ele ainda dance no vento,
E, ironicamente, o amor esteja no ar.