Depois que o som cessou, um silêncio opressor tomou conta. Tive que enfrentar a realidade de nossa situação. Aquele lugar era hostil e cheio de perigos, mas agora eu precisava pensar em como sobreviver. Olhei para ela, ainda imóvel, e me perguntei: como eu poderia protegê-la? Como poderia garantir que ela sobrevivesse nesse ambiente infernal?
Minha mente começou a formular questões práticas:
O que comer? Eu não sabia quanto tempo ficaríamos ali, mas precisávamos de energia para sobreviver. A carne dos monstros que matei seria segura para consumo? Não havia escolha. Decidi arriscar. Cozinhar parecia impossível, então improvisei, usando pedras aquecidas para tentar torná-la menos repulsiva.
Como cuidar dela? Ela não acordava, mas sua respiração era constante. Será que precisava de comida ou água? Usei gotas da umidade das paredes para umedecer seus lábios, mas não notei nenhuma mudança.
Onde encontrar segurança? A caverna parecia um abrigo temporário, mas o ambiente ao nosso redor era traiçoeiro. Seria apenas uma questão de tempo até que outra criatura nos encontrasse?
Nos dias que se seguiram, consumi a carne dos monstros. Era dura, amarga e deixava um gosto horrível na boca, mas me dava força para continuar. A cada dia, eu a observava, procurando sinais de melhora. Não importava o quanto eu me alimentasse, minha preocupação por ela não diminuía. Eu falava com ela, mesmo sabendo que não poderia ouvir:
— Você vai voltar, não vai? Eu não posso fazer isso sozinho... — Minha voz se quebrava enquanto eu segurava sua mão. — Preciso de você. Preciso que me diga o que fazer.
Com o tempo, notei algo estranho. Ela parecia inalterada, como se o tempo não a tocasse. Não havia sinais de fome ou desidratação, mesmo depois de dias sem comida ou água. No começo, isso me deu um alívio momentâneo, mas logo se transformou em mais perguntas. Por que ela não precisava das mesmas coisas que eu? O que aquela luz havia feito com ela?
Enquanto eu refletia, o mundo ao nosso redor continuava a me desafiar. As paredes da caverna pareciam respirar, o ar pulsava com uma energia que eu não compreendia. E meus pensamentos se voltaram para o porquê de estarmos ali. Por que eu? Por que ela? O que aquele lugar representava?
— Será que merecemos isso? — perguntei em voz alta, minha voz ecoando pela caverna. — Fizemos algo para estar aqui? Ou somos apenas peões em um jogo maior?
Essas perguntas me atormentavam. O ambiente ao nosso redor parecia mais um pesadelo do que algo real. Cada som, cada sombra, parecia carregado de intenções maliciosas. E enquanto eu questionava tudo, uma certeza se firmava em mim: eu faria qualquer coisa para protegê-la, mesmo que isso me destruísse.
Naquele inferno, a única coisa que me mantinha de pé era a esperança de vê-la abrir os olhos novamente. Mesmo que a realidade ao nosso redor fosse cruel e implacável, eu me agarrava à ideia de que, de alguma forma, encontraríamos uma saída juntos.