DOM
sei que trago comigo às vezes o medo de quem sou
de como eu penso
do que desejo
do meu domínio em causar dor
sei que guardo em mim um caos avassalador
aprendi a dosar
manipular
a puxar as coleiras com um certo louvor
aprendi a gostar da mascara
do suor com cheiro de medo e anseio
na pele de quem emudeço os gemidos
calo os gritos
contenho a carne a flor da pele em arrepios
sei que trago comigo às vezes a alegria de quem eu sou
crucificando por horas
nó após nó ao som de um tapa
mais um tapa
outro tapa amenizado por beijos
caricias no pelo
no deslizar dos dedos
meus olhos sedentos se alimentam da alma
do olhar da escrava
do estalar da chibata
das escuras paredes que em uma cela se acaba
e faz a vida toda recomeçar ....