Fabricio Zigante

Janela

Havia uma dama, sozinha à janela,
Meus olhos brilharam, é ela! É ela!
Eu a vejo e suspiro enamorado
Em loucos devaneios embalado.
A mais bela, sim é ela — murmurei
E tão somente o nome dela suspirei.
A mão no rosto, a face apoiando...
Em quem estará ela pensando?
Os olhinhos paisagem distante a mirar,
Com o pensamento talvez a vagar...
Talvez esteja em mim pensando...
Como nela eu penso e vivo penando!
Cheguei até mesmo nisto a crer
Querendo os seus pensamentos ler...
Eis lá a bela dama a janela,
O seu nome nos lábios suspiro — É ela!
Com a leve brisa a face lhe roçar,
Na noite serena à luz do luar,
Tal qual no castelo uma princesa
Que em noite acordada à luz acesa
Sobe alta torre, vai aos anjos falar
E em sagrada prece ao divino orar.
Pensei com os olhos mirados nela,
O que a levara a ficar à janela.
O que a fizesse velar o seu dormir
Para a sua janela à noite abrir?