Alexandre Carlini

PRISÃO

Da janela vejo o fluxo do mundo

Que é um filme triste cinza e quedo

As outras cores, ao poço profundo

Escorreram levando o segredo

 

Do baú que jaz num altar selado

Surdo invólucro, imóvel e sombrio

Que tranca o coração despedaçado

Distante do peito que arfa vazio

 

Vejo um homem velho e cansado

A observar o mundo descolorado

Da paisagem dura, outro refém

 

Busca da janela de seu casulo

Da prisão sem cor, sem grade...um escapulo?

Ele vê minha janela...também?