Metamorfose

O Infinito e a Queda

Talvez o universo me atraia,

E em seu ventre eu caia,

Na dança sutil da expansão,

Onde estrelas se perdem,

E o tempo não tem chão.

 

Talvez o erro não fosse partir,

Mas deixar-se ficar,

Como quem foge do abismo

Por medo de amar.

Pois há quedas suaves

E há quem nelas queira morar.

 

Cair em desilusão,

É só mais uma estação,

Um ciclo de luas que minguam,

De braços que se fecham,

De corações que não mais vibram.

 

E talvez o pior seja se abster,

E o peito em silêncio deixar.

Quando a alma se cala,

A vida se nega,

E o amor, sem chão, se perde no ar.

 

No fim, cair em negação

É negar o pulsar do universo,

Que insiste em girar,

Que grita: \"Seja! Ame! Permita-se!\"

Pois até no vazio,

Há luz a se revelar.