Catorze

Bomba-relógio

Bomba-relógio vive muito bem.
Um dia, um brilho muito estranho
lhe assusta com o tamanho
e ela quase explode.

Bomba-relógio voltou sem comoção,
mas um rosa-choque, pelo parabrisa,
destruiu o para-choque, embaçou sua visão
e ela quase explode.

Bomba-relógio sobreviveu, cansado.
Milhões de caracóis o embaraçaram
como lençois, entrelaçaram o coitado
e ele quase explode.

O sol raiou, as nuvens se afastaram,
nasceu o arco-íris e a bomba sobreviveu.
Contudo, a coitada mal sabia
O que a mudaria pra sempre – e não era deus –.

O brilho do tal sorriso, voltou, assombração,
o rosa de dois lábios chocaram a bomba,
os grandes cachos o levaram numa onda
e explodiram mil pedaços 
de um pobre coração.