Essa minha vida, tão pouco reconhecida,
Suplica piedade aos céus já esquecidos.
A lâmina, que rasga minha alma ferida,
Desperta réus temerosos e vencidos.
O meu coração pálido, em silêncio, tomba,
E esquece-se, entre soluços, de bater.
As noites vindouras, sem luz ou pompa,
Carregam-me endurecido, e sem querer.
Sou o vilão da minha própria existência,
O algoz que apaga os vestígios da vida.
Prefiro ruir a buscar uma frágil resiliência.
Enquanto cumpro pedágio e espero a partida,
Foz do algoz, cobre-me com tua sombra;
Faz-me teu amigo — na eternidade perdida.