Lua em Libra

#2 - ENTRE O ABISMO E A ESPADA - CAPTULO 1: A CAIDA

Enquanto segurava minha amada em meus braços, sentia o peso de sua fragilidade. Cada respiração dela parecia mais leve que o ar fétido que nos envolvia, e o desespero pulsava em mim. O lago grotesco ao nosso redor borbulhava como se fosse um ser vivo, inquieto com a nossa presença.


— Você tem que acordar, por favor... — sussurrei, enquanto alisava seu rosto delicadamente. Mas ela continuava em um sono profundo, alheia àquele pesadelo.


Mas não havia tempo para comemorar. O ambiente ao nosso redor começou a tremer, como se o lugar estivesse desmoronando. Corri a carregando, ignorando a dor que fazia meu corpo quase ceder. Coloquei em minhas costas — Você precisa acordar — implorei, minha voz quase falhando. — Por favor, precisamos sair daqui.


Foi quando ouvi outro som, mais aterrorizante que o primeiro. Das sombras, outra criatura surgia. Era ainda maior, com uma forma ainda mais grotesca. Olhos sem pupilas brilhavam em sua cabeça, e suas mãos enormes seguravam uma arma feita de ossos pontiagudos. — Você não devia ter tocado no meu irmão — disse, sua voz carregada de ódio. — Eu não escolhi estar aqui! — retruquei. — Apenas me deixe sair com ela, e prometo nunca mais voltar. — Isso não cabe a você decidir.


Eu sabia que não sobreviveria a mais uma luta. Minhas forças estavam se esgotando, e o sangue continuava a escorrer. Mas havia algo que eu precisava fazer antes de tudo acabar. Com um último suspiro, me ajoelhei ao lado dela. — Não te abandonarei — sussurrei, beijando sua testa. — Mesmo que isso me destrua, vou te tirar daqui.


A criatura se aproximava, levantando sua arma para um golpe final. Segurei a mão dela com força, como se isso pudesse nos conectar de alguma forma mais profunda. Então, algo inesperado aconteceu. Seu corpo havia um brilho intenso, quase divino, que me fez esquecer tudo ao nosso redor. Uma luz explodiu de seu corpo, cegando a criatura. O monstro rugiu, recuando em agonia, enquanto a luz parecia consumir tudo ao nosso redor. Eu a abracei, protegendo-a o máximo que podia, enquanto o caos explodia ao nosso redor.


Quando a luz finalmente se dissipou, percebi que o monstro havia desaparecido, deixando apenas cinzas de sua dor. O lugar ao nosso redor, porém, continuava sombrio, e ela ainda não havia despertado. Eu a segurei firmemente, sentindo o calor de seu corpo ainda presente, mas frágil. Precisávamos sair dali antes que algo pior acontecesse.


— Eu prometi te proteger, e vou cumprir — murmurei, mesmo que ela não pudesse me ouvir.
Com passos trôpegos, comecei a procurar um lugar seguro. Meu corpo doía, e cada movimento parecia ser um desafio contra a exaustão e o peso da situação. Caminhei por um terreno tortuoso, rodeado de sombras que pareciam se mover, mas que não se materializavam. O ar continuava pesado, impregnado de um cheiro que parecia grudar em minha pele.


Finalmente, avistei uma caverna à distância. Não era um lugar acolhedor; as paredes eram irregulares, cobertas de limo escuro que brilhava fracamente. Havia estalactites pontiagudas pendendo do teto, e o som de gotas de água ecoava em um ritmo irregular. Mesmo assim, parecia segura o suficiente, ao menos por enquanto.


Adentrei a caverna com cuidado, ainda segurando-a em meus braços. O silêncio ali era perturbador, quebrado apenas pelo som de minha respiração ofegante e das gotas que pingavam incessantemente. Deitei-a suavemente em uma superfície plana, tentando ajeitá-la para que ficasse o mais confortável possível. Minha própria visão começava a embaçar, e minha força se esvaía rapidamente.


— Nós vamos sair disso — prometi, mesmo que minha voz mal passasse de um sussurro. — Eu vou encontrar uma maneira.
Enquanto me recostava contra uma das paredes da caverna, sentindo o frio das pedras contra minha pele, meus pensamentos voltaram àquela luz que a havia salvado. O que era aquilo? Seria ela algo mais do que uma simples humana? Havia tanto que eu não entendia, mas uma coisa era certa: aquela luz não era algo comum. Ela era especial, de um jeito que eu ainda não conseguia compreender completamente.
Enquanto essas perguntas me atormentavam, o som de algo distante chegou aos meus ouvidos. Passos. E não eram os meus.