Se, ao desvendar os abismos que trago,
Os labirintos sombrios onde me apago,
Você ainda ficar, sem medo, sem fuga,
Saberei que é você, minha alma desnuda.
Carrego demônios que gritam em mim,
Fantasmas de ontem, um eco sem fim.
Mas no teu olhar, um porto eu encontro,
Calando o caos, desfazendo o confronto.
Não é sobre perfeição, nunca foi, jamais será,
É sobre quem fica quando o mundo desabar.
Se teu abraço acolhe minhas partes quebradas,
És a peça que faltava nas horas caladas.
Porque amar é isso: coragem e entrega,
É ver o escuro do outro e, ainda assim, que a luz navega.
E se você, conhecendo meu lado mais sombrio,
Escolher ficar, saberemos: é destino, é um fio.