Me jogaram, sem dó, no abismo do mundo,
Prédio cinza, ar sufocado, um grito mudo.
Na descida, o asfalto virou tela pintada,
O trânsito, coreografia; minha alma calada.
No meio da queda, tudo virou pergunta:
Quem dirige o show? Quem decide a culpa?
A cor do céu é filtro, o amor um contrato,
E eu, marionete de um script mal criado.
Toco rostos vazios, mas ninguém responde,
O toque é gelado, o silêncio se esconde.
Sou só ator num filme que nunca escrevi,
Mas por dentro grito: “Quando é que vivi?”