Tom Kalado

Ultimo jantar

Tens um coração aperreado que só!

lembrou me um filhinho longe dos pais

há quanto tempo pedes pra que voltes

de repente apareces sem nem me notar

o desespero transforma sentimentos em pedra

agora só querem paz

deveriam ficar bem longe dos olhos

até ontem era de se esperar

hoje o tempo urgiu

correstes e esmaecestes

não há espaço pra se ter tristeza

nem corpos nem cordas 

que troca foi essa

tropeçastes quase viras um pouco de lado

aquele tal sorriso repetido

devias ficar distantes com tal paladar

as horas passam percebem atentos

nem possuis tanta sede assim

nos pratos quase vazios

mentes entornam pensares

distantes e desejosos de si

olhos registram prantos

ouvidos hipotecados oscilam

num eterno silencioso horror