Eu tenho 20 e poucos anos,
Sem conquistas, sem vitórias,
Carrego uma vida e um salário,
Presa fácil do capitalismo.
Vejo os outros conquistando,
Choro baixinho, me escondo,
Sinto a falta do que não alcancei.
Se o sucesso vem com o tempo,
Por que ele me abandonou?
Já vi a fortuna ruir,
A miséria florescer.
Mas eu sigo trabalhando;
O trabalho é meu fado,
Minha sina sem alívio.
Tenho medo do fracasso,
Me comparo, me reinvento,
Mas continuo quebrado,
Sempre atrás dos meus amigos.
Sou um derrotado?
Um condenado sem glória?
Sou o reflexo da era moderna:
O jovem que se espelha
Em corpos perfeitos,
Que venera aparências,
Mas perde essência.
Ainda não evoluí,
Não tive tanta sorte.
Sou um fracassado?
Ou só um cansado
Que já não suporta?
Faço parte da geração
Das dores invisíveis,
Das feridas intocáveis.
Temo a felicidade
Como temo o risco.
Sou quem sofre, quem se apressa,
Quem não compreende que a vida,
Em sua calma brutal,
Sempre entrega,
Na hora certa,
O que é seu.