Abri os olhos, mirei atrás... No horizonte,
Não consegui enxergar além da ponte,
43 verões tinham passado,
Reveillons e velórios por bocados.
A reincidente memória do que não foi... Do que dói...
O fantasma de um caminho não trilhado... Descartado...
O arrependimento ancorando no meu porto...
Aquela festa do ano que só ouvi desde meu quarto...
Olhando atrás, não consigo focar no início...
Olhando à frente, está mais claro o precipício...
Frases não faladas, lábios não beijados...
Raivas não expressadas, versos apagados...
Congelei meu sangue que fervia,
Engoli o veneno que cuspia,
Silenciei esse grito da minha alma,
Transformei a fera em minha calma,
Amaciei os nós dos dedos na parede,
Podendo ser mais rápido... Fui breve.
Ver atrás ou ver à frente nesta paisagem,
Chegar e partir... duas caras da mesma viagem.
Meu verso hoje vai carregado de mágoas,
Minhas linhas tristes fluem como a água,
O som da realidade deixou mudo meu violão,
Aflorando no entorno minha precária situação.
Ao final, não podemos deixar a vida ao azar ou à sorte.
Para isso fomos feitos... Para a vida... Para a morte.