Sezar Kosta

SILÊNCIO E DESEJO: O PESO DAS PALAVRAS NÃO DITAS

As palavras nos olham de longe, 

como estrelas que nunca brilham, 

esperando o momento certo para descer, 

mas o céu está nublado, 

e o silêncio ocupa o espaço entre nós, 

como um muro invisível, 

tão pesado quanto o medo que carregamos.

 

Nossos olhos se encontram, 

mas a boca ainda se cala. 

Será que você sente o que eu sinto? 

Ou é apenas o vento, 

sussurrando segredos que nunca serão ditos? 

Eu fico aqui, 

prisioneiro de um desejo que não ouso libertar, 

como uma vela apagada 

com medo de acender a chama que poderia queimar.

 

Às vezes, me pergunto 

se as palavras são facas disfarçadas de carinho, 

cortando sem querer o que construímos 

em cada olhar não trocado. 

O silêncio entre nós é um campo minado, 

onde cada passo em falso pode desmoronar tudo, 

mas cada movimento de retração 

faz o terreno se tornar mais denso, 

mais incerto.

 

E o que resta? 

O que é mais forte? 

O medo de te perder, ou a coragem de te amar? 

Será que o silêncio diz mais que qualquer frase? 

Ou será que ele apenas esconde o que jamais diríamos? 

Nos olhamos, 

mas nossas bocas se recusam a falar 

o que os corações já sabem, 

em uma língua que nunca aprendemos a pronunciar.

 

Eu não sei mais o que é mais pesado: 

a saudade ou a dúvida. 

A vontade de dizer tudo 

ou o medo de dizer nada. 

Será que você também se perde nessas perguntas 

ou o silêncio é seu único refúgio, 

como o meu? 

Será que, no fundo, temos medo da resposta, 

ou da verdade que ela carrega?

 

E seguimos assim, 

entre o que somos e o que tememos ser, 

onde as palavras não ditas se acumulam 

como folhas secas ao redor de um jardim, 

e o desejo, silencioso, cresce como uma sombra, 

esperando o momento de revelar 

o que nunca ousamos confessar.