As palavras nos olham de longe,
como estrelas que nunca brilham,
esperando o momento certo para descer,
mas o céu está nublado,
e o silêncio ocupa o espaço entre nós,
como um muro invisível,
tão pesado quanto o medo que carregamos.
Nossos olhos se encontram,
mas a boca ainda se cala.
Será que você sente o que eu sinto?
Ou é apenas o vento,
sussurrando segredos que nunca serão ditos?
Eu fico aqui,
prisioneiro de um desejo que não ouso libertar,
como uma vela apagada
com medo de acender a chama que poderia queimar.
Às vezes, me pergunto
se as palavras são facas disfarçadas de carinho,
cortando sem querer o que construímos
em cada olhar não trocado.
O silêncio entre nós é um campo minado,
onde cada passo em falso pode desmoronar tudo,
mas cada movimento de retração
faz o terreno se tornar mais denso,
mais incerto.
E o que resta?
O que é mais forte?
O medo de te perder, ou a coragem de te amar?
Será que o silêncio diz mais que qualquer frase?
Ou será que ele apenas esconde o que jamais diríamos?
Nos olhamos,
mas nossas bocas se recusam a falar
o que os corações já sabem,
em uma língua que nunca aprendemos a pronunciar.
Eu não sei mais o que é mais pesado:
a saudade ou a dúvida.
A vontade de dizer tudo
ou o medo de dizer nada.
Será que você também se perde nessas perguntas
ou o silêncio é seu único refúgio,
como o meu?
Será que, no fundo, temos medo da resposta,
ou da verdade que ela carrega?
E seguimos assim,
entre o que somos e o que tememos ser,
onde as palavras não ditas se acumulam
como folhas secas ao redor de um jardim,
e o desejo, silencioso, cresce como uma sombra,
esperando o momento de revelar
o que nunca ousamos confessar.