Priscila Ribeiro

Naquela rua

Era ali, naquela rua,

que morava o abraço apertado

a gargalhada ao pé da mesa, 

conversas com torrada,

café e beiju bem torradinho.

 

Era ali naquela rua,

que sentada na calçada 

em meio a noite fresca 

tagarelava com as vizinhas,

e eu aproveitava o passeio

pra pular amarelinha.

 

Era ali naquela rua,

que o jantar me esperava,

e juntas sentávamos a mesa 

para a sopa, tão bem quentinha.

 

Era ali naquela rua, que 

o chá chegava 

em minhas mãos, 

e onde me esperava 

a colcha de retalhos

para fazer a minha noite,

de todas, a mais quentinha.

 

Era ali naquela rua,

que a novela era assistida,

pensando ser a preferida, 

mas que ledo engano!

De ninguém era a favorita.

 

Foi ali naquela rua, 

que o abraço apertado 

se tornou em despedida.

Ela sempre me ensinou a abraçar

com mais cuidado, pro amanhã 

incerto não nos roubar a despedida.

 

Hoje, já não ando mais naquela rua,

mas trago em mim doces 

lembranças de quem me

abraçou com mais ternura, 

que me esperava nas segundas

reclamando que viu passar mais de

três ônibus e de nenhum via descida.

 

Te esperei o dia todo 

por que tanto demorou?

Me abraçou tão apertado

e em mim se fez em despedida.

 

Que bonita era essa rua!