Era ali, naquela rua,
que morava o abraço apertado
a gargalhada ao pé da mesa,
conversas com torrada,
café e beiju bem torradinho.
Era ali naquela rua,
que sentada na calçada
em meio a noite fresca
tagarelava com as vizinhas,
e eu aproveitava o passeio
pra pular amarelinha.
Era ali naquela rua,
que o jantar me esperava,
e juntas sentávamos a mesa
para a sopa, tão bem quentinha.
Era ali naquela rua, que
o chá chegava
em minhas mãos,
e onde me esperava
a colcha de retalhos
para fazer a minha noite,
de todas, a mais quentinha.
Era ali naquela rua,
que a novela era assistida,
pensando ser a preferida,
mas que ledo engano!
De ninguém era a favorita.
Foi ali naquela rua,
que o abraço apertado
se tornou em despedida.
Ela sempre me ensinou a abraçar
com mais cuidado, pro amanhã
incerto não nos roubar a despedida.
Hoje, já não ando mais naquela rua,
mas trago em mim doces
lembranças de quem me
abraçou com mais ternura,
que me esperava nas segundas
reclamando que viu passar mais de
três ônibus e de nenhum via descida.
Te esperei o dia todo
por que tanto demorou?
Me abraçou tão apertado
e em mim se fez em despedida.
Que bonita era essa rua!