Quero abrir portas de quartos e armários
como uma criança a explorar o mundo
passando por frestas estreitas e apertadas
ralando a pele ainda imberbe de machucados
sujando as unhas com o polvilho da terra
indo além das fronteiras limitadas em que vivo
deitar no sonho das gramas para olhar as estrelas
e me imaginar no horizonte do Universo infinito
Quero me separar do ontem
levando-o comigo na bagagem
e quando me tornar próprio de mim mesmo
abrir uma garrafa de champagne francês
e brindar em taças alongadas de fino cristal
com a minha criança agradecendo-a
por ela jamais haver me abandonado