Dediquei-me a ti,
como quem oferta ao mundo
o próprio coração em bandeja de ouro.
Ternura, tempo, empenho...
Tudo o que eu tinha,
tudo o que eu era,
eu te dei.
Mas no palco final da nossa peça,
tu nem sequer lutaste.
Nem um grito, nem um passo,
nem ao menos uma lágrima.
E eu, cego pelo amor,
não enxerguei que te faltava visão,
que teus olhos estavam vendados
pela dor de um ontem que já morreu.
Há quem enxerga propósito no amor,
e há quem, preso aos próprios cacos,
inventa traumas e grilhões.
Mas enquanto esses medos se dissolvem,
o tempo escorre, a vida se perde,
e o amor que talvez valesse a pena
desaparece como fumaça.
Sabe o que importa?
Amar, prra!
Simples assim.
F**-se se se outro já te manipulou.
F***-se se não vai dar certo.
F***-se o amanhã e suas incertezas!
O que conta é o agora,
o desejo de ser melhor,
de agradar, de evoluir.
Porque agradar é mais do que gesto,
é um exercício de transformação.
É buscar no fundo de si o que há de melhor,
e ofertar ao outro como presente.
Agradar é evoluir,
é moldar-se em amor,
é crescer na pureza de querer ver alguém sorrir.
A vida, no fim,
não é sobre ganhar ou perder,
mas sobre se entregar,
mesmo quando parece loucura.
Porque o sentido maior,
a única verdade que resta,
é amar.
E tu, tão cego em tua dor,
não viste que eu era a sua cura.