Flavio Eduardo Palhari

Quem sabe , talvez

quem sabe , talvez

 

conheço a distância que existe

sou ciente de todo o talvez

talvez nunca

talvez um dia

talvez quem sabe

odeio o talvez

mas amo o quem sabe

quem sabe um dia

quem sabe a gente possa

quem sabe exista uma maneira

não me sinto mais diferente

aprendi a aceitar meus desejos

aprendi que somos poucos

somos quase como vampiros

nos escondemos

procuramos sombras

e quando encontramos alguém da mesma espécie

alguém que ama estar na masmorra

o som das correntes

o estalar dos chicotes

as mascaras

torturas

ama a mesma sala iluminada por velas

queremos conhece-la

conversar

nos sentir um pouco iguais ao saber que não somos únicos

em toda a minha vida caçando

dominando

observando cada fêmea em todo seu contorno

pedindo para que faça com ela o que ela sempre quis

o que ela sempre escondeu de cada ser que não é um vampiro

pior

que julga cada desejo o elevando em uma forma de pecado

hoje eu sei que o pecado foi criado para conter o prazer

então , quem sabe

talvez você pare de se esconder e se revele aos poucos

já que só temos o tempo a nosso favor

e nossos pensamentos julgados impuros 

você sabe em qual sombra me procurar