Samuel SanCastro
Uma Hora
Uma hora, numa esquina qualquer,
Teus olhos buscarão o que não souberam ver.
E o vazio que não era meu
Tomará lugar onde teu peito se perdeu.
Do abraço não desejado, da mensagem esquecida,
Do sorriso moldado na pressa da partida,
Uma hora, o tempo, senhor das ironias,
Devolverá o peso às memórias vazias.
Quem deixou escorrer entre os dedos
O que jamais voltará a ser inteiro,
Verá na ausência que nunca suplica
O vulto pálido na desídia rica.
E a dor, que um dia habitou outro peito,
Agora, fará morada em um novo sujeito.
Pois o que não foi acolhido em sua mão,
Uma hora, fluirá livre, isento de prisão.