HORA FATAL
Quando chergar-me a hora então funesta
Eu quero sorrateiro e sem alarde
Dar aquele suspiro que me resta
E liberar a chama que em mim arde...
Sem murmúrio ou queixume, mas co\' a festa
De chuvas com trovões; e já bem tarde
Da noite sob o sono que me empresta
A vez de não mostrar que sou covarde.
Quisera assim que fosse esse meu dia
E passar como nuvem vaporosa
Sem a tortura de angústia, ou agonia,
E sem na extrema hora sentir dores...
Nem dar, também, a outrem— a trabalhosa
Obrigatoriedade de favores.
Tangará da Serra, 02/12/2024