Quis eu, em coração sereno,
Caminhar na trilha de uma amiga amena.
Uma mulher, tão legal, getil e atenciosa,
Seu riso, um canto que a alma ampara.
Sonhei que podíamos, lado a lado,
Dividir palavras, sonhos guardados.
Mas eis que o desejo, ardiloso e furtivo,
Sussurra em sombras: \"Goze homem, se não outro Goza a felicidade.\"
Seus olhos falam, seu toque insinua,
A amizade vacila, o desejo flutua.
Quisera eu domar o instinto carnal,
Mas a carne grita seu brado ancestral.
Será que é sina? Será que é lei?
Que homem e mulher, no fundo, sempre anseiem?
Ou seria fraqueza, esse fogo aceso,
A amizade é o início do que já está preso.