Há um tremor em cada esquina do meu peito,
uma curva incerta onde mora o seu jeito.
Te vejo na cidade, entre luzes e fumaça,
mas minha coragem é sombra que me ultrapassa.
Quero dizer seu nome, mas minha voz fraqueja,
o desejo me chama, mas o medo me beija.
E se ao tocar sua mão, o mundo desabar?
E se ao cruzar o limite, eu não puder voltar?
A paixão me embriaga, mas o receio me guia,
é chama que aquece e esfria em um só dia.
Eu te amo em silêncio, como quem se perde,
como quem teme o abismo que a paixão concede.
Seus olhos, faróis, iluminam minha estrada,
mas e se o amor for prisão e não jornada?
E se em seus braços eu encontrar o fim,
um eco vazio onde você não cabe em mim?
Eu sigo com passos que não querem correr,
um coração que pulsa, mas não quer se render.
Te quero como quem teme o que não pode fugir,
quem sabe, um dia, eu me atreva a partir.