Passava um homem pela estrada que dava a algum lugar
E eis que viu uma grande fera como um leão
patas de águia e cabeça humana
olhos incisivos como dos mais rigorosos juízes
Ela o chamou para seu terror
Ei homem aonde estais a ir?
Vou aonde tenho de ir
Vou aonde é de meu destino
Qual tua curiosidade?
Esta estrada está sobre meu domínio
Sou senhora dessa terra e aqui quem passa e por mim não é aprovada há de morrer
Não sou desrespeitoso senhora
Apenas quero passar e não lhe afrontar
Então já que queres atravessar minha terras proponho a ti meras perguntas
O que queres criatura bestial?
Dou-te uma chance, se conseguir me agradar passarás
Se falhar morrerás
Aceito oh! ser superior a minha condição mortal
Quem foi ontem atual e hoje já não existe mais?
Creio que seja o passado
Tivestes sorte homem
Mas faltam-te duas perguntas
e então responda-me
Quem fui eu que antes em mim havia muita água e hoje o sol me queima?
Creio que seja o deserto
Admito que és muito astuto ser mortal
Quem é rude em sua ganância e por sua vaidade perdeu tudo por seus interesses e como exemplo
de mal costume arruinou aos seus?
O homem ficou calado e não respondeu
A esfinge o olhou e o disse que ele sabia a resposta
e que ele preferia a morte a admitir sua vergonha e o falou
preferes a morte ser imundo ao admitir teus erros
Pois partas e segue teu caminho
Pois de ti tenho nojo
tua ganância é maior que tua vontade de viver
És vergonhosamente um ser vivo que perambula pelo mundo para satisfazer tua vaidade
pois desde de já digo-te que estais morto
pois de ti o mundo tirou o valor
O homem partiu descendo a estrada e se foi
A esfinge o viu ir embora e se deitou
rosnou e disse a si mesma
que preferia ingerir grama a comer carne putrefata
estragada pela ambição
O homem foi descendo a estrada rumo a uma mina de ouro
E na entrada havia uma placa que dizia
Aqui vem os tolos
Que por suas necessidades mundanas abraçam o brilho do ouro
Mas pouco se importam com a ferrugem de sua alma
Coitados sois pobres homens.