Penso, logo existo – Descartes declarou,
E assim me lanço ao sentir que me toma,
Entre negações e entrega ao saber que clama,
Um filósofo me guia, mas é em ti que meu mundo clama.
Ah, minha Chaveirinho, como posso silenciar?
Pois a psicólogia, ainda que inacabada em meus estudos,
É um amor meu, modesto, intruso, vivido em pensar,
E dela falo, sem pretenção de dominar.
Na interação humana repousa o meu argumento,
Pois vejo, com olhos atentos, um desalento:
O carinho desviado, o afeto que se inclina
Aos inocentes animais, que embora puros,
Deslocam da mente, desvertua o ser, sobre o que me fascina:
O toque humano, a conversa, o calor, um vínculo que cura.
Não digo que o amor por eles não é válido,
Mas alerto: que não seja um ESCUDO CÁLICO
Para fugir do humano e do que juntos podemos ser.
Pois inocente é o bicho, mas consciente é o homem dentro do seu ser,
E nesta consciência há espaço para amar
Sem deixar o outro — o humano — se apagar.
Não quero, ao ver isso, te colocar sob um peso,
Nem transformar minha descoberta, como seu uso de desculpa ou apreço,
Para menos do que sonho conquistar.
Não é isso, Chaveirinho, o que quero declarar.
Quero, sim, que entre nós haja algo mais que palavras,
Que tua atenção encontre em mim sua casa.
Que me ligues, que me chames, que sussurres no instante,
Pois somos dois e quero sentir teu querer constante.
Sei que este poema é metade sonho, metade pedido,
Mas ele carrega a verdade do meu espírito.
Pois na nossa futura possível união, que venha o cuidado,
Que haja entrega, amor equilibrado,
E que teu carinho transborde, sem dúvida ou demora,
Pois é contigo, Chaveirinho, que meu \"penso, logo existo\" se ancora.