CHUVA DE PEDRAS
a mão que mata nem sempre é a que persegue
e sim a que alimenta
a mão que afoga nem sempre é a que esmurra
e sim a que afaga
a mão que dá o tapa nem sempre se mostra
esconde a mão nas costas
a mão que enforca nem sempre faz o nó
te cumprimenta e vai embora
nem sempre os pés mostram o caminho
eles chutam
as suas portas
nem sempre os pés ficam descalços
eles se apertam em um par de botas
nem sempre os pés chutam as pedras
eles pisam na bosta
não tem guarda chuvas pra essa chuva de pedras
se o céu desmorona a terra aceita
não tem para raios que espante as nuvens negras
deixe o céu cair sobre a sua cabeça
depois o sol vai simplesmente derreter cada estrago
todo o estrago
você vai ver
(Flávio Eduardo Palhari – Mergulhado em Gelatina)