Há lá fora um tempo enlouquecido
De chuva diluvial e vento violento,
Trovões, relâmpagos, e tanto ruído
A tentar disfarçar o meu lamento.
Não há disfarce possível, há medo,
A natureza não pode ser controlada,
Como se ela soubesse um segredo
E eu não soubesse exatamente nada.
Existe um vento norte forte e frio
Que empurra o corpo e sacode tudo
O vento sopra até preencher o vazio,
Sugando o ar, assustando sobretudo.
E a chuva grossa que o acompanha
Em ritmos musicais dissonantes
Revela uma fúria natural e estranha
Que eu nunca consegui sentir antes.
Não existe este tempo ou este lugar
Senão na imaginação onde decorre,
Contudo, é o mundo inteiro a imaginar
Enquanto aos poucos a realidade morre.