Me vi pela primeira vez
no verde oceânico dos olhos da minha mãe
e lá eu cintilava mergulhado nas águas calmas
nas quais me tranquilizava e de mim espantava
os fantasmas ainda anônimos dos quartos escuros
Naquele espelho mucoso e delgado
onde descobri meu inaugural rosto
minhas pernas, minhas mãos e meu corpo
não existia no mundo ninguém mais belo do que eu
Na esverdeada imagem em que eu ali estava
parecia ser um sonho convertido em carne
ninado pelo meiguiceiro balançar do colo
em que sempre adormecia sob o abraçar do luar
dos olhos hoje desaparecidos da minha mãe