Celia Regina de Lima

Para onde?

Em uma ilha distante

vou deixar meus trapos e esparadrapos

para que a vida e o tempo os levem.

 

De lá não irão mais sair

pois não preciso mais deles.

Agora tenho os laços e abraços.

 

Nesta data querida

celebro uma linda descoberta:

posso ser eu, com a porta aberta.

 

Conheço minhas feridas

e o rombo criado pelos desacatos,

mas não conheço meu substrato,

não conheço o real mistério 

do meu autorretrato.

 

Agora estou indo pra lá.

 

Quando vou chegar não sei,

só sei que agora tenho ferramentas

para enfrentar as tormentas.

 

Nessa ilha distante,

neste instante,

me espelho em Deus

e sigo em frente.