Em uma ilha distante
vou deixar meus trapos e esparadrapos
para que a vida e o tempo os levem.
De lá não irão mais sair
pois não preciso mais deles.
Agora tenho os laços e abraços.
Nesta data querida
celebro uma linda descoberta:
posso ser eu, com a porta aberta.
Conheço minhas feridas
e o rombo criado pelos desacatos,
mas não conheço meu substrato,
não conheço o real mistério
do meu autorretrato.
Agora estou indo pra lá.
Quando vou chegar não sei,
só sei que agora tenho ferramentas
para enfrentar as tormentas.
Nessa ilha distante,
neste instante,
me espelho em Deus
e sigo em frente.