Hoje, o peso do pranto me desarma,
meus olhos secos, desertos, clamam por sossego.
As lágrimas que outrora escorriam sem vergonha,
agora se escondem no vazio de um peito exausto.
Já chorei rios que não desaguaram em mares,
fiz do meu silêncio um porto,
mas os barcos que nele repousam
são apenas restos de tempestades passadas.
Não estou mais pronto para lágrimas,
minhas feridas cicatrizaram mal.
Os dias passam como vultos,
e as noites, cúmplices da minha solidão,
me roubam o alento que resta.
Que me seja negado o choro,
mas não o esquecimento.
Que o tempo leve consigo
essa dor que teima em ficar.
Não estou mais pronto para lágrimas,
mas talvez, um dia,
quando as flores voltarem a nascer em mim,
possa regar suas raízes
com algo além do meu sofrer.
26 nov 2024 (10:19)