O amor,
ah, o amor...
É ele quem costura a pele do silêncio,
quem pinta o invisível em nossas horas,
quem salva o que escapa
entre os dedos da ausência.
Eu,
fragmento de humanidade,
imperfeito e incompleto,
trago nas mãos o que tenho de mais frágil:
um coração que não sabe se esconder,
que dança como chama ao sopro da dúvida,
mas brilha,
como o sol quando atravessa o inverno.
Que a noite,
com seu véu de constelações,
te encha de paz.
E que teus sonhos sejam oráculos secretos,
onde floresçam as promessas
de tudo o que a vida ainda guarda.
Eu te entrego o que sou:
meus abismos e minhas alturas,
não como porto seguro,
mas como um barco em águas incertas,
que navega pela fé e pelo desejo.
Não prometo calmarias,
nem dias sem tempestades,
mas te dou a certeza:
há força em quem se arrisca,
há abrigo em quem se desnuda.
E no fim,
o que restará de nós?
Não serão as horas fugidias,
nem as palavras que o vento levou,
mas os gestos que nasceram do amor,
os versos que tocaram a alma,
as marcas invisíveis que deixamos
nos olhos de quem nos viu.
O amor,
esse alquimista do efêmero,
faz do instante
uma eternidade que não se apaga.