Sezar Kosta

O LEGADO DO AMOR

O amor,

ah, o amor...

É ele quem costura a pele do silêncio,

quem pinta o invisível em nossas horas,

quem salva o que escapa

entre os dedos da ausência.

 

Eu,

fragmento de humanidade,

imperfeito e incompleto,

trago nas mãos o que tenho de mais frágil:

um coração que não sabe se esconder,

que dança como chama ao sopro da dúvida,

mas brilha,

como o sol quando atravessa o inverno.

 

Que a noite,

com seu véu de constelações,

te encha de paz.

E que teus sonhos sejam oráculos secretos,

onde floresçam as promessas

de tudo o que a vida ainda guarda.

 

Eu te entrego o que sou:

meus abismos e minhas alturas,

não como porto seguro,

mas como um barco em águas incertas,

que navega pela fé e pelo desejo.

 

Não prometo calmarias,

nem dias sem tempestades,

mas te dou a certeza:

há força em quem se arrisca,

há abrigo em quem se desnuda.

 

E no fim,

o que restará de nós?

Não serão as horas fugidias,

nem as palavras que o vento levou,

mas os gestos que nasceram do amor,

os versos que tocaram a alma,

as marcas invisíveis que deixamos

nos olhos de quem nos viu.

 

O amor,

esse alquimista do efêmero,

faz do instante

uma eternidade que não se apaga.