Apaixonei-me
pelas curvilíneas formas simétricas
desses seus joelhos
toda vez que cruzas as pernas
diante aos meus olhos alumiados de sempre
Apaixonei-me
pelos movimentos ondulares
dessas suas mãos
a regerem a silenciosa sinfonia
das moléculas do ar que junto a você respiro
Apaixonei-me
pelo luzeiro tremeluzente e aquentado
dessas suas retinas
a irradiar centelhas solares nas madrugadas
pelas quais um dia por elas passei
Apaixonei-me
pelo adocicado cheiro exalado
dessa sua pele
quando molhada pelas águas veranis
que vêm e vão além de janeiro
Apaixonei-me
pelo sabor da eterna mocidade
dessa sua mesticidade
de que tanto Gilberto Freyre falou
em um livro que você ainda nunca leu
Apaixonei-me
pelo andar manhoso e felino
dessa sua feminilidade
que se mostra sedutora e envolvente
no agachar amorenado de suas tardes
Apaixonei-me
pelo somatório dos pequenos detalhes
que lhe fazem ser como você é
a se destacar em uma multidão de corpos
e a quem designo a singularidade dos meus únicos desejos