NÃO MAIS EXISTIREI
Não mais existirei... o tempo voa...
Carcaça já imagino que serei...
Aqui, nuvens desfazem-se à toa
Ou como chuva agregam-se em grei.
Minha mente me lembra ou me apregoa
Do meu fatal fadário em que hei
De, breve, não mais ser minha pessoa
Tal qual a fugaz nuvem que observei.
Absorto... algo em vulto me distrai:
Um pássaro passou e fez-se em sombra...
Também, no meu jazigo algo me vai
Sem rastro destruir-me— isso me assombra.
Não mais absorto estou... O azul celeste
De abóbada sinistra me reveste...
Tangará da Serra, 18/11/2024.