Celia Regina de Lima

Um perfume no espaço

 

Há os ciprestes que sempre exalaram o perfume indecifrável.

Há também as gargantas mutiladas pelo oxigênio em demasia

e os canteiros calados, opacos,

esperando as plantas que vieram mas se omitiram.

 

O que conclui as desesperanças e os amores?

Nada. Os rumores marejam a areia incontida

e as fadadas noites de estrelas

se diluem num poço escuro, lamacento.

Há uma criança nesse espaço.

Passo. Esse passo existe em meu cérebro, tão vivo...

 

Celebro o eco, nascido em meu peito,

de um grito antigo, longínquo.

Encolho a alma e abro os braços.

Imito a vida e sorrio.

Como resposta, o choro do eco ferido.