Cegam-me vendas de tecido fino.
Vago sobre pálidas flores,
Flores estas que esfriam os pés.
Perdido em infinito homogêneo.
Mas costureira diafana,
Que sem nome e sem forma,
Costura fio do Inalcançável à meu crânio
e do meu crânio ao Inalcançável.
O fio entrelaça-se aos sulcos de meu cérebro,
Aos ventrículos centrais e aos labirintos neurais.
Cada passo; cada sorriso; cada choro;
Tudo passa pelo fio.
Guia cruel; guia frio; guia vazio.
Mas seu vazio preenche vazio.
Guia bondoso; guia vigoroso; guia farto.
Mas sua fartura devora fartura.
O grilão que prende é a mão que liberta.
Os dentes do leão são a carne do bisão.
O fio cega-te,
Mas sem fio não se vê.