Sinto a tristeza a me envolver,
não quero dormir, o sono é pesado,
às vezes a vontade de desistir aparece,
um pensamento que assusta, um peso guardado.
O que acontecerá se eu me perder?
Certamente, arrependerei depois,
mas este sentimento que me domina,
toma conta de mim, é tudo o que sou.
Tudo é cinza, onde antes houve luz,
o vazio chega, velho amigo de tardes claras,
me chama com seu abraço,
mesmo quando o sol se põe e se cala.
Minha cama acolhe meus esforços,
quantas vezes mais me perderei?
O tempo passa, mas não vejo mudança,
nem na pele, nem na mente, nem em meu ser.
Sou boa demais para os outros,
mas não o suficiente para me ver
sem adornos, sem filtros, crua e nua,
qual é o peso do reflexo que não posso entender?
E se tudo for só uma ilusão
da minha mente, gritando por verdade?
Perdendo tempo, mas ainda assim insistindo,
o medo me engole, me esconde na saudade.
Ele está ali, sorrateiro, como raposa,
olha-me dos arbustos e não me ataca,
mas sinto o seu fôlego, suave e constante,
percebo sua presença, mas o que ele acha?
Escondo minhas imaginações,
eles não ouvem, não entendem o grito,
nem eu, nem o eco nos escombros,
detalhe por detalhe, sinto-me infinitamente aflito.
Cabe tanto dentro de mim,
que nem sei onde começa, onde termina,
é um espaço sem fim, um vazio denso,
onde sentimentos se perdem, onde a dor se ensina.
O que virá? Algo me ressoa,
uma esperança grande, que me faz ansiar,
mesmo vivendo no agora, esperando o amanhã,
o tempo que me escapa, mas que vou esperar.
Não me vejo mudar, não sou tudo o que dizem,
esforço-me para ser o que esperam de mim,
mas talvez seja algo maior que eu,
algo que não tenho tamanho para ser assim.
A sabedoria, que sai de meus lábios,
não é minha, é de algo que transborda,
não sou eu, mas algo que me atravessa,
um ser maior, que minha alma ainda ignora.
Não desisto facilmente, não sou de ceder,
pois cada batida do meu coração traz uma explicação,
algo maior me motiva, me faz crer,
mesmo sem saber por que, sigo em oração.
Talvez eu não veja importância em meu respirar,
mas alguém, algum ser, acredita em mim,
me faz passar por tempestades e mares,
fazendo do caos um caminho até o fim.
Meu barco é pequeno, mas há esperança,
enfrento o vento e as ondas que me assombram,
acredito, preciso acreditar,
que há algo além, que me aguarda, que me transforma.