Flutuo pelo espaço
Anos luz de distância de todos
De onde estou, tenho uma bela vista
Mas não consigo desfrutar, assim, solitária.
A falta da gravidade torna as coisas mais simples,
Porém, inquietantes...
Qualquer corpo estranho se aproximando,
Ativa meus alertas, me faz acionar meu escudo de defesa.
Onde estarei daqui a um ano ou dois?
Alguém sentirá minha falta quando eu não estiver mais aqui fisicamente?
Ninguém percebe, ninguém vê
Mas enquanto estou aqui,
Não estou aqui.
É confuso, eu sei
É papo de quem vive no mundo da lua,
Em outro planeta...
E infelizmente, ainda não perdi aquela sensação
De que não pertenço a esse mundo...
De que não me encaixo.
Olha... Eu estou tentando...
Tentando muito!
Mas ainda sinto falta de sentir que minha vida tem alguma importância,
De que não sou um zero a esquerda na vida de todo mundo,
De que não sou apenas mais um extraterrestre confuso a vagar pela Terra.
Um dia, quem sabe não encontro por aí
Alguém de outra galáxia, assim como eu?
Um dia, quem sabe eu não volto pro planeta que eu deveria estar?
Um dia, quem sabe não sou abduzida e tenho minha vida finalmente completa por um propósito que tenha sentido?
Aliás... Será que isso tudo faz algum sentido?
Vênus. 17, novembro, 2024.