+ Raiva e Ruinas +
As chamas se erguem, lambendo os ossos,
cobrindo o mundo em cinza e destroços.
A terra grita, ferida e rasgada,
enquanto o céu se fecha em nada.
Vozes ecoam, mas morrem no vento,
sombras rastejam, cuspindo tormento.
Nada se move, nada respira,
somente o ódio, que nunca expira.
Mãos calejadas, marcadas por fogo,
unhas cravadas na pele do outro.
Gritos dilaceram a noite impura,
um hino de fúria, de dor e loucura.
Correntes quebram, o aço retine,
cada ferida um nome define.
Ninguém escapa, ninguém se esconde,
tudo apodrece, tudo responde.
O tempo engole, o tempo mastiga,
transforma em pó qualquer tentativa.
Esperança é um riso, uma piada sem graça,
que se desfaz na poeira da caça.
E quando a última chama apagar,
quando o sangue enfim secar,
não restará nada além do rancor,
vagando sozinho, sem cor, sem calor.