Grande monstro voraz
que engole as vastidões
Vôa no céu turvo da maldade
Cuspindo fogo na humanidade
Dragao libertado do homem
Rei coroado dentro de si
Agora reinando os reinos
Comendo a carne da pobreza
Colhe os espólios das guerras
Ossos, sonhos, vidas e sangue
Nos campos repletos de terror
O bicho se alimenta da dor
Tem asas e braços e mãos
tem dentes e fogo na boca
Olhos vendados, voz de trovão
Lobo do homem sem coração
Tem ouro, tem prata e joias
Mil mal para cada bem
Tem vinhos e carnes na mesa
Tem ossos em seu porão
Tem fome que nunca sacia
E a sobra do banquete do dia
Vira o trigo da morte, pão do amanhã
plantado na escuridão.
Antonio Olivio