victoremmanuel

O Último Tic do Relógio

Uma gota d\'água pingava a cada três segundos,

Enquanto, bem vestido, aguardava, silente, uma presença inestimável.

As nuvens cobriam o sol e escondiam minhas inseguranças,

Mas sabiam que o segredo que guardo nem elas poderiam ocultar.

 

Tic, tac, tic... O relógio, com sua voz fria, ecoava.

Eu, com o rosto tingido de suor, umedecia os lábios,

A chegada era iminente; a paz, apenas um vislumbre fugaz.

E o medo de encarar tua indiferença me consumia em silêncio.

 

Levantei-me, e ao encontrar teus olhos, minhas defesas se desmancharam.

Tentei silenciar os ecos da mente, que bailavam como dançarinas inquietas.

No fundo do peito, onde a verdade repousa, deixei transbordar meus desejos.

Por fora, os lábios tremiam, mas a singela tenacidade me mantinha de pé.

 

Aproximei-me de ti; nossos olhares se cruzaram.

Quando o relógio marcou o último tic, murmurei,

Com o peito sufocado e o coração desnudo:

Eu te amo. Por favor, fique comigo; não me deixe perdido no vazio.