Priscila Ribeiro

Segredo

Sentei com minha doce companhia,

tomei um café e comi um croissant,

li Alexandre Dumas, coloquei o meu cachecol

desci as escadas e sentei ao pé de uma árvore amarela,

as folhas caiam suavemente e ali posei os meus pés.

Comi um doce, um pain au chocolat e um macaron.

Será muito doce? Mas o que te importa se vivo a fazer os meus dias mais e mais doces!

Esperei o trem, desci, me acomodei em qualquer canto.

Segui, cheguei ao museu. Encanto no olhar, criança ou idoso, seja quem for ali a entrar.

Bonjour Madama, Bonjour ça va? Ça va.

Vi o antigo cartão postal, escrevi em poucas linhas, percorri a saudosa cidade e logo avistei o la poste e enviei-o aos meus.

 Os dias seguiam tão rápidos, serenos sem pauso para os meus tantos desassossegos.

Bonsoir, ça va?

Os dias corriam e eu seguia embebecida de tantos sabores,

nos tantos concertos, nas belas sinfonias, meu alento perfeito.

Desejo nas ruas fazer percorrer minha voz e saltitar,

até mesmo dançar na bella langue,

mas já não podia.

Seguia em silêncio a guardar,

ninguém ao menos sabia da minha terna alegria.

E os problemas, pra quem contar?

Ninguém a confiar tamanho segredo.

Seguia a silenciar tamanho momento que em mim sustento fazia meus dias triunfo secreto.