Há uma linguagem que não se aprende,
não se ensina,
apenas se revela,
como a brisa que desliza na pele.
Você já sentiu a força de um silêncio dividido?
É um instante raro, quase mágico,
onde cada palavra se curva
diante do que só o olhar traduz.
O vazio entre as frases, então,
se torna o som de uma presença viva,
um eco feito de quietude.
Nessa conexão etérea,
dois corações se despem das superfícies,
ouvindo aquilo que reside
sob camadas de orgulho e solidão.
Quando você encontra alguém
que decifra esse murmúrio invisível,
algo desperta, como a luz de uma vela
que dança suave na escuridão,
sem ousar perturbar o seu redor.
Ali, na entrega sem pressa,
gestos simples se tornam carícias;
o toque de um olhar,
o abraço de uma pausa.
Na ausência de vozes, floresce
um entendimento que não se diz,
um laço profundo,
tecido do que permanece não dito.
É assim que a intimidade se revela,
na dança sem pressa dos olhos,
onde o silêncio se ergue como ponte
e, do outro lado,
encontramos alguém disposto
a simplesmente ser.
Há algo de antigo nessa troca,
um saber ancestral que murmura
que, por vezes, basta estar,
sem o peso das explicações.
Ao lado de quem entende essa quietude,
o silêncio é abrigo e verdade,
onde o essencial encontra seu reflexo,
e o coração que escuta, finalmente,
é o mesmo que compreende,
o que é amor, amizade, refúgio.
Porque, afinal, as palavras são rastros,
mas o silêncio é a raiz,
onde se cultiva o que é eterno.