Sezar Kosta

A ESSÊNCIA DO SILÊNCIO

Há uma linguagem que não se aprende,

não se ensina,

apenas se revela,

como a brisa que desliza na pele.

 

Você já sentiu a força de um silêncio dividido?

É um instante raro, quase mágico,

onde cada palavra se curva

diante do que só o olhar traduz.

O vazio entre as frases, então,

se torna o som de uma presença viva,

um eco feito de quietude.

 

Nessa conexão etérea,

dois corações se despem das superfícies,

ouvindo aquilo que reside

sob camadas de orgulho e solidão.

Quando você encontra alguém

que decifra esse murmúrio invisível,

algo desperta, como a luz de uma vela

que dança suave na escuridão,

sem ousar perturbar o seu redor.

 

Ali, na entrega sem pressa,

gestos simples se tornam carícias;

o toque de um olhar,

o abraço de uma pausa.

Na ausência de vozes, floresce

um entendimento que não se diz,

um laço profundo,

tecido do que permanece não dito.

 

É assim que a intimidade se revela,

na dança sem pressa dos olhos,

onde o silêncio se ergue como ponte

e, do outro lado,

encontramos alguém disposto

a simplesmente ser.

 

Há algo de antigo nessa troca,

um saber ancestral que murmura

que, por vezes, basta estar,

sem o peso das explicações.

 

Ao lado de quem entende essa quietude,

o silêncio é abrigo e verdade,

onde o essencial encontra seu reflexo,

e o coração que escuta, finalmente,

é o mesmo que compreende,

o que é amor, amizade, refúgio.

 

Porque, afinal, as palavras são rastros,

mas o silêncio é a raiz,

onde se cultiva o que é eterno.