Leonardo Ramos

Os olhos dela

Os olhos dela prendem os meus.
Olhos doces, cor de mel.
É preciso dizer que são claros,
Mel puro na luz do sol.

No luar, escuros, prendem os meus.
Dos olhos dela emana paz.
Invocam nos meus sobriedade,
Mas enfim, estou bêbado.

É preciso dizer que estou bêbado
E que no copo de uísque os olhos dela também habitam.
Bêbado, o corpo está, os olhos estão,
a alma está – todos formam um conjunto embriagado

Sentados na escrivaninha, observando o mar que bate no cais,
E tudo grita por ela, tudo grita pelos olhos dela.
E é preciso calar a todos, acalmar a todos.

Planejo uma fuga, arrumo as malas, o destino espera.
Paris, Madri, talvez, o velho Egito!
Meu Deus! Entre os grandes faraós o coração não se aquieta.

E os olhos dela, os olhos de mel,
Os olhos que prendem os meus,
Me questionam dos olhos da grande esfinge.

 

Leonardo Ramos