Farantes

Goles de veneno

Você me deixa aberta, sempre que volta,
Mesmo que eu, em silêncio, te faça ficar.
Te espero, mesmo sem saber se te posso,
Pois em cada despedida, insisto em te chamar.

Como uma ferida que nunca fecha,
Tentam me curar, mas a dor persiste.
Procuram remédios para a cura rápida,
Mas a decisão do último adeus ainda existe.

Arranco a casquinha, na esperança de mudança,
De ver você surgir e curar o final,
Mas sempre chego à necrose, sem esperança,
Esperando arrancar-te de vez, para viver o normal.

Milhares de dimensões, minha mente cria,
Tentando entender teus gestos, tuas palavras,
Engolindo o amargo, mas sem a cura em cada dia,
Como um xarope sem sabor, sem fim, sem graça.

Seria loucura acreditar em todas as possibilidades,
Pois o fim que você deixou, é um espaço vazio.
É impossível apagar-te dos meus lugares,
Dos minutos, das memórias… de tudo, que é meu e teu.

Não aprendi a viver sem ter você ao lado,
Apenas desenhei cenários sobre sua silhueta,
Tentando distração, mas sempre marcado,
Por um amor que insiste, sem paz, sem receita.

Te odiar seria uma escolha de outro eu,
E esse eu não existe, não quero, não sou.
Amar-te ainda me mostra a capacidade de amar,
E, mesmo vazia, me sinto cheia, por saber que sou.

Cansada dessa longa jornada de recomeço,
Mas sigo, arrastando-me, pois é melhor sentir
Do que ficar na ausência, no vazio, no deserto,
E quem sabe, um dia, encontrar o caminho a seguir.

A escolha é minha, mesmo que você escolha a sua,
Entre tropeçar nas pedras ou colher as flores.
Este caminho, esse destino, eu continuo em luta,
Com você, com a vida, e com meus próprios temores.