Dizem que a felicidade é um oásis distante,
promessa de água que dança no horizonte.
Para alguns, ela cintila entre as dunas dos dias,
um sonho que espreita o real;
para outros, apenas um vulto,
breve chama que aquece o peito
e se dissipa na brisa.
Em desertos e vales a procurei,
nos dias de sol ardente e passos pesados,
nas noites frias de silêncio e céu imóvel.
Tão próxima quanto uma miragem ao toque,
sempre um passo adiante, um esforço mais.
Felicidade — ornada de luz frágil,
feita de detalhes que aquecem e dissipam,
recua, desliza,
como se soubesse que seu encanto
é viver no não-pertencer,
no brilho etéreo de quem não se retém.
Foi então que percebi sua natureza leve:
é menos chegada e mais guia,
uma estrela que indica o caminho,
mas se dissolve ao toque.
Talvez seja o perfume inesperado das flores,
o azul profundo do céu ao entardecer,
a suavidade de um vento esquecido.
Neste deserto de ilusões e esperanças,
não importa alcançar o oásis distante;
importa a miragem que se projeta,
a inspiração que colore cada passo.
No fim, a felicidade não pede captura —
basta aprender a contemplá-la,
mesmo que só em seu reflexo breve,
delicada e infinita como o horizonte.