Antonio Luiz

Seresta infinda

hei de me prostrar à tua janela

profunda e elegantemente

noites após noites a fio

na minha mais secular forma

um laço emaranhado de lembranças

até que o cintilante perfume da Lua

infeste as pálidas maçãs do meu rosto

e até que as mais longínquas constelações

façam mossas no céu de minhas pálpebras

no gotejar de estrelas em mim, uma a uma

ali, desse abundante ar da infinita liberdade

eu quero e vou abarrotar os meus pulmões

pra que um supremo fôlego venha à tona

pra estender na voz um clamor de vento

num singular canto, uivante e adocicado

como o de fera ninando as amadas crias

e então adormecerás, tal a silente brisa

que sobrevoa o véu dos teus sonhos

 

-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 13/11/24 --